Nada como um ônibus lotado. Não,
isso não é agradável, mas é o tipo de coisa que tenta meus olhos observadores e
minha mente. Estar em um ônibus é como um passeio por aquela “festa estranha, com
gente esquisita”. Você não quer, mas vai.
O melhor a fazer é ler um livro ou apelar para os fones de ouvido, ouvir
uma boa música, talvez. Digo talvez, pois sempre esqueço os fones em casa, mas
um livro... ah, sempre tenho um em minha enorme bolsa.
Hoje quando entrei no ônibus,
procurei meus fones e... ficaram em casa, pra variar. Então, peguei um
livro. Estava lendo algumas crônicas do Affonso
Romano de Sant’Anna. Gosto dele. Talvez
porque esse velho também tem um olhar
super observador, sob óticas variadas.
Lia a crônica “A metafísica da
barba”, - o título chamou minha atenção porque adoro barbas - quando no ônibus
entra um homem munido de uma bela
barba, pensei: Affonso, isso é coisa
sua! Fiquei observando o moço. Parecia inquieto, dessossegado. Imaginei: É dos
meus.
Passou um certo tempo, o homem abriu
a bolsa que carregava, talvez para pegar um fone de ouvido, ou quem sabe um
livro – ah, essa minha imaginação. Ele pegou seu celular, talvez para digitar
uma mensagem para uma amiga, namorada, amante, ou algo do tipo, mas não. Não! O
bendito, resolveu compartilhar seus gostos musicais com a multidão – sim,
multidão, pois aquele ônibus estava mais cheio que show de sertanejo gratuito.
Chico Buarque, João Gilberto, Vinicius de Moraes, Los Hermanos, Marcelo Camelo, The Beatles, Jerry Lee, Elvis, Little Richard, como eu sonhava ouvi-los. Pobre de
mim. Tive uma decepção. Das grandes.
O barbudo não passava de um
funkeiro – eu juro, não parecia – foi uma das maiores surpresas que tive nos últimos dias. Ele ouviu um tal de “ela dá pá nóis que nóis é patrão”.
EU QUIS MORRER. Fones de ouvido, era só o
que eu queria naquele momento, para eu ouvir minhas músicas, já que ler não era mais possível, ou até mesmo para presentear
o rapaz.
Sabe, no momento lembrei de
Renato Russo e a famosa música Pais e
Filhos. Vocês se recordam do trecho “é preciso amar as pessoas como se não
houvesse o amanhã”? Pois bem. Como amar
um funkeiro? As letras de funks são tão vulgares, melodias horrendas, de baixo calão. APOSTO, EU APOSTO! Renato Russo não conhecia funkeiros quando, emocionado,
cantava este trecho.
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